12/10/14

Pós Cirurgia Bariátrica




Já estava no quarto quando acordei da cirurgia...
Agora eu era a paciente do quarto xxxx que foi submetida à Gastroplastia.
 O hospital é um ambiente que nos assusta, mesmo que o quarto seja confortável...
Como profissional da área da saúde, refleti muito...
Confiamos nossa vida à profissionais que não conhecemos, mas que dedicam sua vida ao cuidar...
Temos apenas um nome e uma patologia....
Não temos roupas e bolsas de grife...
Somos iguais!

Fiquei feliz ao abrir os olhos e ver meu marido, minha mãe e irmã.
O medo tinha passado...
Sentia um pouco de enjoo e muita sede...
Estava com dreno e usava uma meia especial 3/4 para evitar a trombose...
Tive alta no dia seguinte, sem o dreno.
Ainda estava obesa...



O tempo foi passando...
Tive muitas dúvidas...
A cada consulta com o Dr. Rogério Mattar (www.dbsaudecirurgia.com.br) lá estava eu com minhas anotações. Tinha dúvidas, do que podia ou não comer. Muitas vezes, a ansiedade era tanta que já no início da consulta eu queria falar... Dr. Rogério sempre muito atencioso e tranquilo às vezes ria e respondia calmamente à todas elas...
1º DESAFIO
Com um mês de cirurgia, tive um grande desafio: o aniversário do meu sobrinho de 6 anos em um delicioso buffet. Pois é... E lá estava eu com minha garrafinha da Tuppeware de 300ml com suco natural de abacaxi para tomar... A vontade de comer era tão grande que eu salivava de ver e sentir o cheiro dos salgadinhos e quase não resisti às tentações! Mas tinha minha família ao meu lado para me proteger e lembrar que não podia comer...rsrs
Os convidados já notavam diferença em minha fisionomia. Sentia-me radiante. A felicidade compensava qualquer brigadeiro.
Ao final da festa, sentia orgulho de mim mesma diante daquela situação tentadora.



O CABELO

Uma pergunta frequente após a cirurgia bariátrica é sobre a queda de cabelo:
-"Será que vou ficar careca?"

Percebi que perder alguns fios a mais durante o processo de emagrecimento seria normal...
Aproximadamente no 4º mês após a cirurgia bariátrica, pude notar um aumento na queda de cabelos. Fui orientada de que, quando ocorre, é um processo normal devido à adaptação do corpo.
Segundo alguns especialistas, uma discreta queda de cabelo pode acontecer em até 70% dos pacientes durante o processo de emagrecimento, após a cirurgia bariátrica. Este fato ocorre geralmente entre o 3º e 4º mês após a cirurgia e se estende até o 8º e, é motivado pela rápida perda de peso que faz com que o organismo economize na produção de proteínas, zinco e nutrientes fundamentais para a manutenção dos cabelos.
A principal forma de diminuir a queda dos cabelos após a cirurgia bariátrica é através de uma boa  alimentação (rica em proteínas), além do uso de vitaminas.
No meu caso, foi-me receitado Pantogar (2x ao dia) além da Materna (1x ao dia).
Confesso que no início fiquei um pouco preocupada, afinal estava com a auto estima tão elevada que ficar careca, não ajudaria...
Tenho a sorte de poder contar com o Hair Stylist Max Tralli (maxtralli@hotmail.com).
Como profissional, ele entende minha necessidade e como amigo, ele cuida de mim!
Tenho curtido cada visual...
Percebo que após alguns meses, com o uso das vitaminas, o cabelo têm crescido um pouco diferente... Procuro fazer a manutenção do cabelo mensalmente, além do uso de bons produtos.





 A DIETA

Até hoje quando me perguntam sobre a cirurgia bariátrica, digo que o mais difícil foi a restrição alimentar dos primeiros dias. É uma mudança brusca. E as pessoas ainda comentam que é fácil fazer a cirurgia... Evitei por um período o convívio social. Não queria ver comida, tinha medo de passar vontade.
Nos primeiros dias, pedia aos meus familiares para não comerem perto de mim. Eu salivava de vontade ao ver as pessoas tomarem Coca-Cola...
Na primeira quinzena (1º Período de Pós Cirúrgico), eu tomava suco de frutas e sopas, batidos e coados, sem açúcar. Bebia em pequenos goles. Apesar da dieta, eu não sentia fome.
Na segunda quinzena (2º Período de Pós Operatório) a alimentação era pastosa, com consistência semelhante ao purê. O volume era de aproximadamente 100ml em cada refeição.
 A cada fase, alguns alimentos eram introduzidos. Eu contava os dias no calendário para a mudança de cardápio. Tive algumas fases: queria tomar picolé de limão todos os dias, depois só queria comer shimeji e temaki. Fazia as refeições em pratos pequenos, aliás, tenho esse hábito até hoje para não errar na porção.




Adquiri o hábito das miniaturas... (A nutricionista que me perdoe, mas às vezes eu me permito sair da dieta...) Acredito que elas facilitam... Não quero correr o risco de errar no tamanho da porção. Outro dia fui ao supermercado e a funcionária do caixa me perguntou se estava comprando lanchinho para meus filhos...rsrsrs 






O GUARDA ROUPA

Depois da cirurgia bariátrica, estou me adequando às novas medidas. Tive que renovar o guarda roupa por conta do emagrecimento... Estou me descobrindo...

DUMPING
  No segundo mês da cirurgia bariátrica, tive um dumping.
Sentia muito calor e naquele dia, achei que poderia tomar um sorvete Melona. Comprei o sorvete e fui para casa... Um pouco receosa do que poderia ocorrer comigo, tomei um pouquinho do sorvete e não aconteceu nada... mais um pouquinho... e nada... de repente, quando percebi, já tinha tomado o sorvete todo. Tive sudorese, taquicardia e uma sensação horrível... Sentei no sofá e esperei aquela sensação passar. Foram cerca de 30 minutos...
Segundo especialistas, a Síndrome de Dumping, também é chamada de "esvaziamento gástrico rápido" e ocorre quando a parte inferior do estômago delgado (jejuno) enche-se rapidamente com alimento não digerido no estômago, causando desagradáveis efeitos digestivos. Pode ser desencadeada devido ao consumo de carboidratos simples (açúcar, balas e doces) ou carboidratos com alto índice glicêmico.
A Síndrome de Dumping é um indicador de má alimentação após a cirurgia bariátrica, porém não acarreta um grande risco para a saúde.

















Para mim, ter feito a cirurgia bariátrica significa :
  • Entender que a obesidade é uma doença crônica, portanto, para sempre...
  • Aprender novos hábitos alimentares e entender que nada mais será como antes da cirurgia;
  • Libertar-se do vício da coca cola;
  • Alimentar-se em pequenas porções e adequadamente com o apoio de uma Nutricionista;
  • Usar o ticket refeição e ao final do mês ter saldo positivo;
  • Dividir a refeição do restaurante com o marido, família e ou amigos;
  • Ir à uma festa e ter prazer em conversar com os amigos e não pensar só na comida;
  • É fazer o exame de MAPA, não preocupar-se com o tamanho do aparelho e não ficar com o braço roxo;
  • É sentir muito frio e andar sempre com uma blusa (mesmo que seja fina) na bolsa;
  • É deixar de contar piadas de gordo, que no fundo serviam como mecanismo de defesa para mim;
  • É utilizar o transporte público e não preocupar-se com o tamanho do banco;
  • É andar de avião e não preocupar-se com o tamanho da poltrona;
  • Comprar roupas brancas, coloridas, de acordo com minha preferência e aproveitar as liquidações das lojas, inclusive de grifes;
  • Usar cinto;
  • Ter disposição para fazer coisas diferentes, como por exemplo, andar de quadriciclo com o marido;
  • É subir as escadas do metrô com disposição quando a escala rolante estiver parada e não começar o dia de mau humor;
  • É jogar futebol com o sobrinho de 6 anos e ter disposição para correr;
  • É usar a piscina e a sala de ginástica do prédio após 4 anos como moradora e causar surpresa nos vizinhos;
  • Andar de avião e poder ingerir líquidos sem preocupar-se com o tamanho (apertado) do banheiro;
  • Cruzar as pernas;
  • Ter 2.000 fotos em seu Iphone em uma viagem de férias;
  • Receber o apoio dos colegas de trabalho que entendem suas limitações;
  • É ir ao cinema e não derrubar coca cola no marido porque a poltrona estava apertada;
  • É comprar sapatos novos porque os velhos ficaram largos e descobrir que o pé não incha mais;
  • Não tomar remédios para o controle da pressão arterial;
  • Fazer acompanhamento com o médico cirurgião, psicólogo e nutricionista periodicamente;
  • Andar nas ruas e de repente, não ser reconhecida por pessoas que não me veem por algum tempo;
  • É modernizar-se no corte de cabelo para disfarçar as falhas causadas pela queda de cabelo;
  • É descobrir-se;
  • É adaptar-se a uma nova  forma de vida, uma nova imagem;
  • Ter orgulho de ser gastroplastizada e contar da realização da cirurgia para todo mundo!
  • É não esconder-se da balança e pesar-se sem medo!
  • Ouvir do sobrinho de 6 anos: "-Tia, quando você era gorda..."
  • Ter que fazer novamente a aliança de casamento porque com o emagrecimento ficou grande!
  • É ser Feliz!




    Onze meses depois e aqui estou com -48 kg

Até a próxima,
Beijos!

Tatiana Pimenta